Movimento Circular
O Movimento Circular Uniforme (MCU) acontece quando sua trajetória é uma circunferência e o módulo de sua velocidade permanece constante no decorrer do tempo.
Em nosso cotidiano é comum observarmos o movimento realizado por ventiladores, rodas de carros e também pelo liquidificador. Todos esses são exemplos de aparelhos que utilizam o MCU.
Para analisarmos a parte teórica dessas utilizações precisamos relembrar os movimentos realizados por um móvel em trajetória retilínea.
A velocidade de um móvel constante e linear é representada pela equação a seguir, que indica a trajetória realizada pelo móvel.
Equação da velocidade linear e trajetória realizada por um móvel qualquer
Agora, quando a velocidade do móvel ocorre de forma curvilínea (curva) ou circular teremos a análise da velocidade angular.
Análise do movimento curvilíneo
É importante observar que quando a velocidade do móvel ocorre de forma curva, é necessário analisar, além da velocidade linear, um outro tipo de velocidade presente: a velocidade angular, que é exatamente o ângulo θ, formado imaginariamente entre a ligação dos pontos da trajetória.
A representação matemática do cálculo da velocidade angular é dada pela equação:
Onde:
ωm = velocidade angular do móvel
Δθ = deslocamento do móvel
Δt = tempo
Podemos concluir, então, que a velocidade angular do movimento circular uniforme é a relação existente entre o ângulo da trajetória descrito e o tempo gasto para se concluir essa descrição.
No sistema Internacional de Unidades, a velocidade angular é medida em radianos por segundo rad/s.
A junção dessas duas velocidades (linear e curvilínea) proporciona o nascimento de uma nova equação para se calcular o movimento circular.
Onde:
v = velocidade linear
ω = velocidade angular
R = raio
Dentro do estudo do movimento circular uniforme temos também a presença da aceleração centrípeta, ou seja, quando existe variação de velocidade existe aceleração.
A aceleração centrípeta está sempre direcionada para o centro da circunferência. Ela não altera o módulo da velocidade e sua representação matemática é dada pela equação:
Observe que a aceleração centrípeta analisa tanto a velocidade linear (v2), quanto a velocidade angular (ω2).
Vamos afirmar que: "Um carro estando com a velocidade escalar constante pode ter aceleração". O que você acha?
Esta afirmativa parece falsa, mas é verdadeira.
Esta situação acontece quando o carro está se movimentando em uma trajetória circular (fig. A).
Figura A - Carro em movimento circular.
Figura B - Vetores força centrípeta e aceleração centrípeta.
Neste caso o vetor velocidade varia de direção e sentido no decorrer do tempo, podendo o seu módulo permanecer constante ou não.
Quem provoca esta variação na direção do vetor velocidade?
Sabemos que para mudar qualquer característica do vetor velocidade é necessária uma força .
Esta força, denominada força centrípeta, atua na direção do raio da circunferência, buscando o centro, imprimindo ao carro uma aceleração na mesma direção e no mesmo sentido denominada aceleração centrípeta (fig. B).
No caso do carro, a força centrípeta é a força de atrito entre os pneus e a estrada. Se não existisse esta força, o carro sairia pela tangente em movimento retilíneo uniforme (posição 4 da fig. A).
Veja que esta aceleração é devida à variação à direção do vetor velocidade e não da variação do módulo do vetor velocidade.
Concluímos que a nossa afirmativa inicial é verdadeira, isto é, o carro pode estar com velocidade escalar constante e possuir uma aceleração (aceleração centrípeta), quando sua trajetória é circular.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Movimento circular uniforme: Quando a trajetória é circular e a velocidade é constante em módulo.
Da fig. A, o carro estando em movimento circular uniforme, temos que:
-
V1 = V2 = V3 = V4 (velocidades escalares iguais)
-
V1
V2
V3
V4 (velocidades vetoriais diferentes)
Características do vetor aceleração centrípeta
Notação: ac
vetor aceleração centrípeta
Direção do vetor aceleração centrípeta: a direção do raio (perpendicular ao vetor V)
Sentido do vetor aceleração centrípeta: de fora para dentro da circunferência (buscando o centro)
Módulo do vetor aceleração centrípeta: ac = V2/R
Demonstração da expressão ac = V2/R
Figura 5.2
(A) - Movimento circular uniforme de uma partícula indo de uma posição AB. VA = VB.
(B) - Determinação do vetor diferença V.
(C) - Medida do arcoS = V
t.
t aproximadamente igual à medida do arco corda AB, obtemos:
-
(V
t) / V = R / V
Aproximadamente, temos:
V /
t = V2 / R
Esta relação será mais exata quanto menor for
t, porque o arco tende para a corda e vice-versa.
Considerando
t
0, no limite obtemos:
ac = V2/R módulo do vetor aceleração centrípeta
(1) Observação: Quando a velocidade escalar varia no decorrer do tempo, o movimento circular não é mais uniforme e o movimento tem, além da aceleração centrípeta, uma aceleração tangencial.
Aplicação numérica 1Vamos determinar o valor da aceleração centrípeta, sabendo que o carro faz a trajetória circular com uma velocidade escalar constante igual 20,0 m/s e o raio da trajetória é igual a 100 m.
Dados: V = 20,0 m/s e R = 100 m
De (5.1) temos que:
ac = V2/R
Substituindo os valores de V e R, obtemos:
ac = 20,02/100 = 400/100
ac = 4,0 m/s2 Conceito de velocidade angular
A posição de um ponto em uma trajetória circular pode ser determinada por um espaço linear (arco) ou por um espaço angular (ângulo).
Quando o carro vai da posição A para a posição B, ele percorre um arco
S e, simultaneamente, "varre" um ângulo
(fig.C).
Figura C - ângulo descrito e arco percorrido em um intervalo de tempo (
t), quando o carro vai da posição A para B.
) percorrido em um intervalo de tempo (
t).
Notação:
velocidade angular.
Expressão:
= (
) / (
t)
velocidade angular
(2) onde
(ângulo descrito) é medido em radianos.
Unidade da velocidade angular (Sistema Internacional)
1 rad/s
Relação entre a velocidade escalar e a velocidade angular
Você sabe que a medida de um ângulo pode ser em graus ou radianos.
Figura D - Medida de um ângulo em radianos.
( ) = (
S) / R
(3) Dividindo os dois membros de (C) por
t, obtemos:
( )/
t = (
S) / (R
t)
(4) Como
= (
) / (
t) e V = (
S) / (
t), substituindo em (D), obtemos:
= V/R
(5) ou
V = .R
relação entre a velocidade escalar e a velocidade angular
(6) Observação: para determinar a medida de 1 rad basta considerar a medida do arco compreendido entre os lados do ângulo igual à medida do raio (fig. D), obtendo:
1 rad
57,3
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Aplicação numérica 2
Um carro com a velocidade escalar constante de 30,0 m/s faz uma trajetória circular de raio 100 m. Determinar a velocidade angular.
Dados: V = 30,0 m/s e R = 100 m
De (5.5) temos que:
= V/R = 30,0/100
= 0,3 rad / s
Relação entre aceleração centrípeta e velocidade angular
De (1) temos que:
ac = V2/R
Como V =
R (5.6), obtemos:
ac = 2 R
relação entre a aceleração centrípeta e a velocidade angular
(7) De um modo geral todos nós temos noção do que seja freqüência e período.
Freqüência seria o número de vezes que um fenômeno se repete em um determinado tempo, e período é o tempo que leva para o fenômeno se repetir.
Em linguagem mais específica para o movimento circular, definiremos:
Freqüência: é o número de voltas que a partícula dá por unidade de tempo
Notação: f
freqüência
Período: é o tempo que a partícula leva para dar uma volta completa
Notação: T
período
Pelas próprias definições temos que a freqüência é o inverso do período e vice-versa, ou seja:
f = 1/T ou T = 1/f
(8) Unidades de medida de freqüência e período (SI)
Unidade de período = unidade de tempo = 1 s
Outras unidades: 1 min, 1 h, 1 mês, 1 ano, 1 século...
Unidade de freqüência = 1/unidade de tempo = 1/s = 1 s-1 = 1 hertz (1 Hz)
Quando no movimento circular se tem uma freqüência de 10 Hz, significa que o móvel faz 10 voltas em cada segundo.
Observação: a unidade de freqüência 1rps (1 rotação por segundo), usada na prática, é equivalente a 1 Hz.
Relação entre a velocidade angular e a freqüência
Vimos que a velocidade angular é definida como sendo:
= (
) / (
t)
(2) Quando a partícula dá uma volta completa:
= 2
rad
t = T (período)
Substituindo em (5.2), obtemos:
= (2
)/T
(9) Como f = 1/T, substituindo em (5.9):
= 2
f
relação entre a velocidade angular e a freqüência
(10)X
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Aplicação numérica 3
Determinar o período de revolução, a freqüência e a velocidade angular de um satélite que se desloca numa órbita circular com uma velocidade escalar constante igual 8,0 km/s, ao redor da Terra. Considere o raio da Terra igual a 6370 km.
Dados: V = 8,0 km/s e R = 6370 km.
= V/R = 8,0 / 6370 = 0,0012
1,2 * 10-3 rad/s
De (9) temos que:
= (2
) / T
T = 2
/
2* 3,14 / (1,2 * 10-3)
T
5233 s
f = 1/T = 1 / 5233
f
0,19 Hz